Linfoma - Sinal de alerta
Falta de informação sobre a doença é o maior desafio para um diagnóstico rápido e tratamento adequado
Estima-se que mais de um milhão e meio de pessoas, no mundo todo, tenham linfoma, tipo de câncer que se desenvolve principalmente nos gânglios (linfonodos) do sistema linfático, um dos responsáveis pela defesa natural do organismo contra infecções. Ainda que não seja tão freqüente quanto os cânceres de mama, próstata e pulmão, a incidência do linfoma tem crescido entre 3% e 4% ao ano nas últimas duas décadas. Mesmo assim, os brasileiros desconhecem a doença e grande parte da população a confunde com leucemia, como mostra pesquisa realizada pelo instituto Datafolha, a pedido do laboratório Roche.
A pesquisa teve o objetivo de avaliar o conhecimento do brasileiro sobre o linfoma não-Hodgkin, o tipo mais comum da doença, que corresponde a 80% dos casos diagnosticados. Foram ouvidas 910 pessoas, em 10 capitais, inclusive Belo Horizonte. Os resultados dos mineiros revelou maior desconhecimento que a média nacional. No Brasil, 66% das pessoas não sabe o que é linfoma, enquanto em BH esse número chega a 69%.
Em todo o país, 67% dos entrevistados acreditam que a leucemia é mais freqüente, quando, na realidade, o linfoma é seis vezes mais comum. Na capital mineira, 79% têm essa noção errada. Para o hematologista Evandro Maranhão Fagundes, a confusão se deve ao fato de ambas atacarem o sistema sangüíneo, “mas a leucemia é mais fácil de descobrir pelo exame de sangue e é, de modo geral, mais agressiva. Além disso, tem-se a impressão de que a leucemia é mais freqüente, por ser mais conhecida.”
Outro resultado importante revela que 27% dos mineiros não sabem a quem recorrer caso tenham a doença. “Tanto o hematologista quanto o oncologista podem tratar o linfoma, mas é fundamental que ele tenha experiência nesse tipo de tratamento. O importante é que os casos sejam encaminhados ao profissional correto”, explica Evandro. De acordo com o hematologista, como é um tumor dos gânglios linfáticos, o linfoma pode surgir em qualquer lugar do corpo que tenha tecido linfático.
“Os mais comuns são as ínguas, localizadas no pescoço. Se não tiver relação com qualquer inflamação ou traumatismo, e durar mais de uma semana, deve ser investigado. O médico responsável pelo primeiro atendimento deve ter essa percepção.” Não é o caso, porém, de alarde, mas de bom senso ao avaliar a ocorrência de um caroço indolor, aliado, em boa parte dos casos, a sintomas como febre sem relação com infecção, sudorese noturna, anemia, perda de peso e coceira. Se houver suspeita, alguns exames, entre eles o de sangue, de imagem (como raio-X e tomografia) e biópsia, serão requisitados.
CONFIRMAÇÃO
Foi assim com a estudante Camila Morato Fadul, de 19 anos, diagnosticada com linfoma folicular indolente, um subtipo não-Hodgkin mais comum em pessoas com mais de 50 anos de idade. “Descobri no fim do ano passado, quando fui fazer uma depilação para ir à praia. A depiladora viu um caroço e chamou minha mãe.” Andréa Pinheiro Morato, mãe de Camila, conta que levou imediatamente a filha a um hospital. O médico receitou um antiinflamatório e pediu para que ela voltasse em 10 dias, caso o caroço não diminuísse.
Como ele não desapareceu, Camila realizou os exames e, na segunda biópsia, dessa vez sob os cuidados de Evandro Fagundes, o linfoma foi confirmado. “Decidimos o tratamento e optamos pela quimioterapia, sem seis sessões.” A estudante confirma que muitas pessoas não sabem sobre a doença. “Na família tinha um caso de linfoma, então sabia que existia, mas é diferente quando é com você. Quando vou explicar que tenho linfoma, as pessoas perguntam o que é, sem muita preocupação, e quando falo que é câncer, aí sim elas assustam.”
Ela mesma procurou informações pela internet, mas não gostou do que leu e passou a tirar as dúvidas apenas com o seu médico. “Além da doença, tem outros fatores, principalmente psicológicos, que podem incomodar até mais. É um processo muito difícil, no qual tudo é muito novo.” A última tomografia feita por Camila, porém, trouxe boas notícias depois de quatro sessões de quimioterapia. “O exame não apresentou linfonodo, o que significa que só vou fazer mais duas sessões”, comemora.
SAIBA MAIS
Existem dois grandes tipos de linfomas, os de Hodgkin (conhecido também como doença de Hodgkin) e os não-Hodgkin, com diversos subtipos de maior ou menor agressividade. O sintoma inicial mais comum dos linfomas é um aumento indolor dos linfonodos (gânglios), principalmente no pescoço, mediastino (região localizada entre os pulmões e o coração), axilas, abdômen ou virilha. A maioria dos casos é tratada com quimioterapia e, se necessário, com radioterapia complementar. Para linfoma não-Hodgkin de células B, tipo mais freqüente, o principal tratamento é a combinação do anticorpo monoclonal rituximabe e a quimio. A indicação é de seis a oito ciclos de quimio, com intervalos de 14 a 28 dias. Para o de Hodgkin, que é mais raro e tem alta taxa de cura se descoberto precocemente, não se utiliza rituximabe. O tratamento mais aceito é a quimioterapia, com 6 a 8 ciclos de 15 em 15 dias.
Fontes: Laboratório Roche e Evandro Maranhão Fagundes, hematologista da Hematológica - Clínica de Hematologia Ltda e do Hospital das Clínicas - UFMG.
Carolina Lenoir
Que bom que existem espaços como este para levar informação - e esperança - para pacientes de linfoma/leucemia e outros tipos de câncer, por que se fôssemos esperar algo do governo e do sistema público de saúde já teríamos perdido muitos queridos.
ResponderExcluirDizem que o tratamento do SUS é excelente e completo, mas não tem capacidade de atender nem a 1/3 dos doentes. Alguns de seus hospitais se tornaram especialistas, já outros desconhecem até mesmo o que é um linfoma. E mais, faltam recursos modernos: a lista de remédios não é atualizada há mais de 10 anos. Ou seja, os principais tratamentos e que garantem uma melhor qualidade de vida e até a pausa nas quimios, como rituximabe, não estão nas listas do SUS.
Enquanto o povo aceitar o que o SUS tem a oferecer, ele vai continuar homicida, levando a vida para pouquíssimos.
Um abraço,
JLineu
http://www.twitter.com/inconformado
Obrigado pela colaboração, temos que fazer nossa parte ao invés de ficarmos apenas reclamando, a nossa movimentação com certeza trará incomodo para os responsavéis...
ResponderExcluirOi. eu tambem tive linfoma e acabei descubrindo atraves de uma ingua na virilha...
ResponderExcluirEstou na 14º sessão de quimioterapia, e graças a Deus não tenho mais nada. Todos os exames deram negativos. O meu medico me falou que estou curada.
Meu e-mail para qualquer esclarecimento: katiarolim@hotmail.com
Obrigado Katia pelo seu depoimento, um abraço
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